Tricotilomania, a compulsão por arrancar cabelos

Todo mundo já teve pelo menos um episodio de enrolar os cabelos nos dedos enquanto refletia sobre alguma coisa. Principalmente as mulheres já arrancam um ou outro por motivos estéticos. Isso é bem comum, mas arrancá-los diariamente, por vezes por horas a fio até que a cabeça fique com vários pontos calvos é fora do comum e passa a ser patológico.

Pessoas com tricotilomania tiram não apenas os fios do couro cabeludo, mas também do púbis, das sobrancelhas e dos cílios. A característica básica é o impulso. Por vezes a pessoa nem sente mais dor ao arrancar um fio e nem sempre percebe que puxou. Também é típico brincar com o cabelo arrancado, passando-o sobre a boca ou enrolando nos dedos ou até engolindo o fio, que, por sua vez pode causar problemas estomacais e/ou intestinais. Segundo estudos, 1,2% da população americana sofre deste mal.

O que se observa é que pessoas, imediatamente antes de arrancar os cabelos, estão sob pressão interna e, depois, experimentam grande alívio apesar de se sentirem claramente prejudicadas pelo distúrbio. Essas pessoas acabam se isolando socialmente por vergonha não frequentando praias, piscinas ou locais onde possam ser vistas. Desta maneira é muito comum a depressão, transtornos de ansiedade e abuso do álcool assim como também distúrbios de personalidade.

A maioria dos casos ocorre na adolescência, mas alguns casos (6%, segundo estudos americanos) ocorrem por volta dos seis anos. Normalmente ocorrem devido a tensões dentro da família, problemas na escola ou dificuldades de relacionamento com outras crianças.

O arrancar de cabelos é sentido então como uma distração, um consolo capaz de minimizar a tensão, e é justamente esse caráter prazeroso que reforça o comportamento. Nesse sentido, a tricotilomania serve para regular estados emocionais desagradáveis, dos quais os pacientes nem sempre se dão conta claramente. Por meio de procedimentos de imagem cerebral, observam-se diversas alterações estruturais em pessoas afetadas pela doença. No cérebro, a capacidade de controle inibitório (capacidade de inibir respostas ou ações desnecessárias) mais especificamente o córtex pré-frontal (região de planejamento, determinação de objetivos e estratégias de ação), se mostra comprometido.

Observa-se uma escassez de diversos neurotransmissores, principalmente da substância mensageira serotonina, que regula a sensação de prazer. Atualmente uma das técnicas que vêm sendo utilizadas para o tratamento da tricotilomania é o Neurofeedback que vai atuar diretamente nas regiões ligadas à patologia. Para um total restabelecimento, é necessário que tais comportamentos venham à consciência e que haja um fortalecimento de autoestima que ofereça uma possibilidade de transformação de forma mais profunda e duradoura. Aos poucos a pessoa passa a observar acertos em seu comportamento e se sente cada vez mais segura.